Caso algum leitor caro me acompanhe só por aqui e tenha interesse em saber das minhas peripécias virtuais, o endereço agora é http://emisnotes.blogspot.com
2021 em fotos
Era uma vez, num reino muito, muito distante, uma mocinha que gostava muito de tirar fotos.
Se você já acompanhou a outra encarnação desse blog, deve se lembrar de uma época em que posts com fotografias eram abundantes. Fotografar coisas era um hobby no qual eu tinha certa confiança e disposição, até que de repente... deixou de ser. Na minha cabeça, atribuo isso um pouco ao instagram, seu layout quadrado com o qual nunca me acostumei, e o conceito de feed aesthetics, que parece minar a criatividade ao te forçar a fazer um trabalho que combine visualmente com o anterior... ou pode ser que eu só seja incompetente e burra mesmo (pensamentos cortesia da minha baixa autoestima).
Depois de instalar de novo o Lightroom, dei uma olhada na pasta de fotos desse ano e resolvi fazer um post com minhas imagens favoritas. Quase tudo fotografado fora de casa, em lugares com um charme apelativo, porque mesmo depois de uma reforma que me deu toneladas de luz natural dentro de casa, parece que a habilidade de compor cenários interessantes me deixou, pelo menos por enquanto. Ou o mais provável, a falta de prática enferrujou as engrenagens criativas... Os desafios de tirar foto todos os dias pro Flickr foram o auge da minha habilidade fotográfica, eu me inspirava muito vendo o que os outros estavam produzindo e me sentia muito livre pra inventar qualquer coisas (sem a pressão de agradar uma audiência potencial).
Sem mais delongas, amigos, as coisas mais bonitas que minha câmera viu em 2021:
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Boring and brazilian
Oficialmente velha
Minha primeira dificuldade em me adaptar a um formato novo de rede social começou a aparecer há uns dez anos, quando conheci o tumblr; e enfim se consolidou nesta década, quando percebi que o tiktok realmente não é pra mim e - pela primeira vez desde que me lembro - enfim gozei do meu direito de não me cadastrar numa plataforma emergente (eu, que já tive conta no plurk, no ello, no pillowfort e em qualquer buraco promissor no qual eu pudesse cadastrar um username). Desde que parei de usar o Instagram, me dei conta de que realmente não faz diferença compartilhar uma centena de informações particulares, coisinhas do cotidiano, que antes eu fazia com tanta naturalidade: eu estava sempre esperando algum tipo de engajamento, que no fim das contas sempre acabava sendo uma meia duzia de interações genéricas mediadas por algum formato especÃfico de ferramenta, que nunca permitia que eu mantivesse uma conversa propriamente dita e que eu sequer precisava. Imagina ter que manter isso por meio de vÃdeos (que sempre requerem uns vinte minutos de edição)? Nope, Emi out.
Nessa semana acompanhei a comoção que tomou conta do Twitter enquanto os millenials descobriam que eram completamente cafonas aos olhos da geração mais nova e que coisas como gostar de Friends, desenhos Disney, saber sua casa de Hogwarts e usar calça skinny com sapatilha de bico redondo nunca estiveram tão em baixa. Acho que já era hora: meus contemporâneos já estão rodeando os trinta anos, faz muito tempo que ninguém me convida pra uma formatura de graduação e estou tempo suficiente fora da escola pra que as coisas que aconteceram "na minha época" realmente sejam desconhecidas pra geração atual. Se nada disso fosse suficiente pra jogar a passagem do tempo na minha cara, finalmente começaram a surgir fios insistentes de cabelo branco na minha cabeça, batendo definitivamente o prego de não sou mais uma jovenzinha.
Antes que o leitor tente me consolar com frases do tipo "a idade é um estado de espÃrito", eu tampouco quero ser jovem, no sentido completo da palavra. A juventude implica ânimo e disposição pra acolher todas as novidades, coisa que eu já não tenho mais. Esses dias também comentei com o DignÃssimo que parece que a indignação adolescente que sentia quando via algo que eu discordava foi desaparecendo com a maturidade, e deu lugar a um aborrecimentozinho preguiçoso. Não sei se isso é bom ou ruim, mas gosto do fato de gastar muito menos energia psÃquica com abobrinha que, na prática, faria pouca ou nenhuma diferença na minha vida. Quanto mais o tempo passa, mais me sinto confortável em ser quem eu sou, e isso é uma boa compensação ante o fracasso em acompanhar todas as novas coisas maravilhosas do momento e os altos e baixos emocionais que elas me proporcionariam. Descobri que gosto mesmo de artes e artesanatos, ainda que esse não seja meu ganha pão; que não preciso dar nenhum tipo de satisfação por não fazer dos meus hobbies coisas produtivas (à s vezes eu tenho preguiça, e tudo bem) e que ainda gosto (e provavelmente gostarei pro resto da vida) de joguinhos de construir casinha e vestir personagem. Ser quem eu deixou de ser um grande exercÃcio torturante e enfim começa a ficar prazeroso, e são essas as coisas nas quais me refugio quando a vida ainda fica torturante (porque é a vida, essa montanha russa infernal, que joga uma pandemia mortal no ano em que você ia casar, viajar pra fora do paÃs, etc). Foi pensando nessas coisas que concluà que quero ter um blog de novo.
O problema: ninguém mais mantém blogs. As pessoas não lêem mais blogs - nem eu mesma leio. Fico presa nesse conflito de ceder ao feed das redes sociais que estão a dois toques de distância e me oferecem um pouquinho de entretenimento imediato ao invés de lembrar de acessar um site maneiro, que muito provavelmente tem mais a ver comigo e com meus interesses, no qual não encontrarei anúncios, lacração descontextualizada nem a burrice alheia esfregada involuntariamente na minha cara. Também tenho a impressão sincera de que desaprendi a blogar, uma ideia acompanhada pela noção de que isso aqui precisa ter algum tipo de proposta editorial e indicativos que sou uma pessoa normal e confiável falando sobre a minha vida - quando na verdade, o que eu mais queria era ler o diário virtual dos outros e o blog que mais deu certo na minha vida é exatamente um grande diarinho sem critério nenhum.
Talvez eu ainda precise me sentir mais confortável comigo mesma pra poder escrever banalidades num site sem nenhum propósito aparente além de me conectar com pessoas que compartilham os mesmos interesses que eu, mas por enquanto, o esforço que estou fazendo é esse. Tomara que eu consiga falar de outras coisas aqui também!
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Fazendo arte
Como é que se bloga mesmo?
Oi, eu sou a Emi e estou aqui, em pleno 2020, pensando em voltar a blogar. Ainda tem alguém a�
Estive na blogosfera de 2012 até 2019 com minha última portinha virtual, e antes disso - como toda criança dos anos 90 que cresceu descobrindo o Maravilhoso Mundo da Internet - ocupei uma série de URLs, postando gifs de pixel art e querendo um template bonito da Lindsay Lohan pra chamar de meu, depois bancando a escritora e depois, mesmo que no meu cantinho, aproveitei a onda absurda de blogueiros e blogueiras que pipocavam de monte junto com o sucesso de várias criaturas que hoje em dia estão podres de rica e ganham a vida ~produzindo conteúdo~ em mil plataformas diferentes.
Em paralelo a tudo isso, mantive e ainda mantenho outro blog que é o suprassumo do fluxo de consciência e conseguiu acumular doze anos de desabafos bobos e meio incoerentes sobre a minha vida. As far as blogs pessoais go, acho que esse é um exemplo notório, mas que hoje em dia só é acessÃvel para meus melhores amigos por 3 pagamentos de 49,90 não tem mais espaço na internet. Se em 2008 eu era uma estudante de uma cidade da roça falando bobagem e querendo fazer amigos, hoje tenho um emprego muito associado ao meu nome, acumulei um absurdo de informações pessoais num só site e não tenho a menor ideia se o Google, trackers chineses, alguma empresa de venda de dados ou algum maluco mal-intencionado podem estar lendo o que eu posto pra fazer sei lá o quê. Tem sido cada vez mais difÃcil se expôr na internet.
Usei o Twitter e o Instagram por um bom tempo - à medida que fui perdendo o interesse em blogar, fui ficando mais envolvida em manter contato com as Pessoas da Internet, um bando de gente muito legal que conheci (principalmente na blogosfera) e que se encontrava especialmente nessas duas redes. Desde a época do Orkut a gente está aqui reclamando que gente legal mora longe, e ter encontrado um jeito de ficar perto dessas pessoas tão interessantes foi algo que abusei enquanto pude, compartilhando interesses em comum, chorando pela miséria que cada dia mais se acumula na nossa conjuntura atual e trocando figurinhas sobre coisas da vida (como o dia em que pedi conselhos pra comprar carro, já que ninguém da Vida Real soube falar algo que preste) - até o dia em que chutei o balde e sumi. Amigos da Internet, desculpem, mas não dava mais.
Kátia, profeta, visionária |
O Instagram é cansativo: stories o tempo todo, um monte de anúncios, as pessoas querendo enfiar marketing de conteúdo até no rabo, uma pressão recorrente pra ter uma ~estética~ apelativa e interessante. O Twitter... De uma rede que eu adorava onde conheci gente bacana demais, hoje em dia sobrou só o chorume: à distância parece um hospÃcio com um bando de doido berrando acusatoriamente sobre coisas que estão apenas minimamente relacionadas com a vida real. Aparentemente, perdi toda uma coleção de presepadas do ExcelentÃssimo Asno Presidencial, que embora pudessem me dar a sensação de estar informada, no fundo eram só fofoca de nÃvel internacional. Eu ia poder fazer algo sobre isso? Como essa informação ia mudar minha vida além de me fazer passar ódio? Optei pela alienação, e mesmo achando que ia sentir falta de ter algo com o que me ocupar nos momentos de ócio (spoiler: achei outras coisas), posso sentir minha SaúDe MeNTaL aos poucos recobrando o viço.
Voltar a manter um blog parece uma decisão muito alinhada com isso, ainda que seja 2020 e aparentemente ninguém mais tenha blog: gostar de escrever parece ser o único traço de personalidade que me acompanha desde sempre, e depois de ver uns vÃdeos no YouTube em que as pessoas pareciam apenas mostrar o cotidiano delas sem nenhuma pretensão, fiquei pensando que eu poderia fazer a mesma coisa.
#9: Pornô de livraria
Falar em colecionar livros parece uma heresia: já cansei de ver gente por aà bradando que livros devem ser vividos, grifados, anotados, passados adiante, manuseados até virar pó. Ah tá. Desde criancinha eu sempre fui ensinada a tomar o máximo de cuidado com as minhas coisas e isso obviamente se estendeu aos livrinhos, que sobreviveram aos últimos vinte anos em condições quase novas, e claramente foi passado aos livrões. Isso nunca foi um problema, desde que as pessoas que chegassem perto dos meus livros tomassem o cuidado de não fazer orelhas nem dobrar a capa no meio na hora de ler, e se possÃvel, não forçassem a espinha abrindo o livro num ângulo maior do que 65 graus.
Até aà tudo bem. Eu nem comprava livros, porque aqui a Roça não é bem servida em livrarias, e como adolescente eu nem tinha dinheiro pra isso - só esperava a feira do livro da escola pra poder torrar o dinheiro que ganhava de aniversário. Mas o tempo passou, a internet entrou nas nossas vidas e de repente eu descobri o mundo maravilhoso do bookstagram e me apaixonei perdidamente pelos livros que via nas fotos, tão diferentes das edições padrão que sempre peguei na biblioteca.
Eu precisava daquilo pra ser feliz. Era o meu sonho de infância de viver numa biblioteca maravilhosa, rica e elegante, quase um sonho de princesa. Foi assim que, sem perceber, me tornei a louca dos livros bonitos.
Desde 2013, eu tenho comprado e construÃdo lentamente uma bibiliotequinha modesta, porém respeitável, com os livros mais legais que já li - e obviamente, mais bonitos também, já que meu coração tem uma queda enorme por encadernações com letras douradas e qualquer outra firula, e também porque em tempos de e-reader, me sinto no direito de ser um pouquinho mais fútil e dedicar mais dinheiro e espaço fÃsico a algo que também alegre meus olhos e
O que eu chamo de 'guarda' aà no vÃdeo chama folha de guarda, eu acho. Em inglês, o nome é endpaper, e até então eu não chamava de nada, risos. Os livros em que ressaltei a folha de guarda são aqueles que tem ilustrações ou estampas bonitas (acho que são só esses da Barnes & Noble - aliás, a coleção chama Barnes & Noble Leatherbound, mas os livros são óbviamente de ~couro~ sintético).
Uma coisa que acho que faz a diferença são cortes coloridos/com efeitos especiais. Não escrevi ali no box de informações porque senão iria ficar muita coisa - além do quê, era visÃvel, mas dois livros tem cortes dourados (Alice e The Secret Garden) e cinco são coloridos (os três da Jane Austen e as duas coletâneas da Stephanie Perkins). Os livros das irmãs Brontë também tem cortes diferentes: as páginas são desniveladas - o nome disso em inglês é deckled edge - e aparentemente o objetivo é copiar o aspecto dos livros antigos, que vinham com as páginas fechadas e o próprio dono tinha que abrir com faca. Eu acho isso muito incômodo, mas tá valendo né;
Essa edição de Jane Eyre tem um erro na capa sob a jacket: o nome da autora foi impresso como Emily Brontë. É um erro em todas as edições (francamente, Penguin). Aliás, a Penguin faz livros lindos, mas que podem ser facilmente danificados de bobeira: as jackets de Great Gatsby e dos livros das irmãs Brontë, assim como as capas, são revestidas de papel: não é aquele papel plastificado que a gente costuma ver nas capas dos livros, é PAPEL mesmo. Se cair lÃquido ou você deixar acumular muito pó, adeus, nunca mais vai limpar. O mesmo vale pra Middlemarch: livros encadernados em tecido são maravilhosos, mas a agonia daquilo sujar e você estragar o livro pra sempre é real;
Essa cópia de Middlemarch foi trocada pela Amazon porque a que eles me enviaram inicialmente veio com a impressão do padrão da capa toda falhada e eu pedi uma troca. SOU FRESCA SIM, EU TO PAGANDO;
Essa edição de Great Gatsby é o livro mais caro que eu já comprei (custou 85 reais) e não tem NADA além de um prefácio especial e essa jacket bonitinha. Ser colecionadora é uma maldição terrÃvel;
Compro a maior parte dos meus livros na Amazon e no Book Depository, onde eles costumam ser mais baratos, ma levam uns 40 dias pra chegar - mas já comprei no Submarino e na Americanas, na Cultura e até na Amazon Espanha;
A edição que veio da Amazon Espanha (na mala de uma amiga, risos) é Wuthering Heights, que eu comprei pela primeira vez pelo Better World Books, esperei pacientemente por um mês, dois, três, e... nada. Quando entrei em contato com eles pra comunicar o extravio, eles me disseram que só podiam me dar um reembolso caso eu tivesse comunicado em até um mês. NADA INTERNACIONAL CHEGA NO BRASIL EM UM MÊS. Nunca mais comprei nada lá e passei mais ou menos um ano chorando a perda dessa edição, que era uma edição limitada da Penguin. Também não tem nada de especial, mas eu amo muito essa jacket. Repito, ser colecionadora é uma maldição terrÃvel;
Entre a filmagem desse vÃdeo e esse post eu comprei mais um livro: a edição da Cosac de Contos da Mamãe Gansa, do Perrault. É outro livro encadernado em PAPEL e cada conto é impresso num tipo de papel diferente, com cores e diagramação especiais. Coisa mais linda de se ver.
E esse foi um post completamente inútil falando de minúcias de livros, mas espero descobrir que não estou sozinha nesse fetiche por papel ostentação. Beijos e até amanhã!!