Como é que se bloga mesmo?

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Oi, eu sou a Emi e estou aqui, em pleno 2020, pensando em voltar a blogar. Ainda tem alguém aí?

Estive na blogosfera de 2012 até 2019 com minha última portinha virtual, e antes disso - como toda criança dos anos 90 que cresceu descobrindo o Maravilhoso Mundo da Internet - ocupei uma série de URLs, postando gifs de pixel art e querendo um template bonito da Lindsay Lohan pra chamar de meu, depois bancando a escritora e depois, mesmo que no meu cantinho, aproveitei a onda absurda de blogueiros e blogueiras que pipocavam de monte junto com o sucesso de várias criaturas que hoje em dia estão podres de rica e ganham a vida ~produzindo conteúdo~ em mil plataformas diferentes.
Em paralelo a tudo isso, mantive e ainda mantenho outro blog que é o suprassumo do fluxo de consciência e conseguiu acumular doze anos de desabafos bobos e meio incoerentes sobre a minha vida. As far as blogs pessoais go, acho que esse é um exemplo notório, mas que hoje em dia só é acessível para meus melhores amigos por 3 pagamentos de 49,90 não tem mais espaço na internet. Se em 2008 eu era uma estudante de uma cidade da roça falando bobagem e querendo fazer amigos, hoje tenho um emprego muito associado ao meu nome, acumulei um absurdo de informações pessoais num só site e não tenho a menor ideia se o Google, trackers chineses, alguma empresa de venda de dados ou algum maluco mal-intencionado podem estar lendo o que eu posto pra fazer sei lá o quê. Tem sido cada vez mais difícil se expôr na internet.

Usei o Twitter e o Instagram por um bom tempo - à medida que fui perdendo o interesse em blogar, fui ficando mais envolvida em manter contato com as Pessoas da Internet, um bando de gente muito legal que conheci (principalmente na blogosfera) e que se encontrava especialmente nessas duas redes. Desde a época do Orkut a gente está aqui reclamando que gente legal mora longe, e ter encontrado um jeito de ficar perto dessas pessoas tão interessantes foi algo que abusei enquanto pude, compartilhando interesses em comum, chorando pela miséria que cada dia mais se acumula na nossa conjuntura atual e trocando figurinhas sobre coisas da vida (como o dia em que pedi conselhos pra comprar carro, já que ninguém da Vida Real soube falar algo que preste) - até o dia em que chutei o balde e sumi. Amigos da Internet, desculpem, mas não dava mais.

Kátia, profeta, visionária

O Instagram é cansativo: stories o tempo todo, um monte de anúncios, as pessoas querendo enfiar marketing de conteúdo até no rabo, uma pressão recorrente pra ter uma ~estética~ apelativa e interessante. O Twitter... De uma rede que eu adorava onde conheci gente bacana demais, hoje em dia sobrou só o chorume: à distância parece um hospício com um bando de doido berrando acusatoriamente sobre coisas que estão apenas minimamente relacionadas com a vida real. Aparentemente, perdi toda uma coleção de presepadas do Excelentíssimo Asno Presidencial, que embora pudessem me dar a sensação de estar informada, no fundo eram só fofoca de nível internacional. Eu ia poder fazer algo sobre isso? Como essa informação ia mudar minha vida além de me fazer passar ódio? Optei pela alienação, e mesmo achando que ia sentir falta de ter algo com o que me ocupar nos momentos de ócio (spoiler: achei outras coisas), posso sentir minha SaúDe MeNTaL aos poucos recobrando o viço. 

Voltar a manter um blog parece uma decisão muito alinhada com isso, ainda que seja 2020 e aparentemente ninguém mais tenha blog: gostar de escrever parece ser o único traço de personalidade que me acompanha desde sempre, e depois de ver uns vídeos no YouTube em que as pessoas pareciam apenas mostrar o cotidiano delas sem nenhuma pretensão, fiquei pensando que eu poderia fazer a mesma coisa. 

Eu não faço umas coisas bonitas assim, mas a intenção é a mesma

Gosto muito de coisas bonitas mas odeio me sentir enganada, e o nome desse blog é uma síntese dessa ideia: As melhores coisas que tenho são as que são bonitas e verdadeiras, ainda que não sejam as melhores do mundo. Bom, teje inaugurado esse blog (e se alguém ainda estiver por aí: comente!!)

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  1. Amigaaaa <3

    Que bom te ter por aqui de novo. Como você, também decidi voltar a escrever no blog em pleno ano de 2020, haha. É meio absurdo que isso esteja acontecendo, mas será que é mesmo? Esse ano tá tão imprevisível que o retorno à blogosfera me parece um plot twist interessante :)

    Gosto muito dessa vibe ~de volta às raízes~ que o movimento de voltar à blogar (?) traz. No fim, a gente sente falta de ter um espaço para comunicar e/ou compartilhar algo, mas nas redes sociais isso simplesmente se torna inviável. Aqui as coisas têm menos ruído e tudo flui de forma mais ~orgânica e em seu próprio ritmo, sabe? Acho que é disso que a gente - pessoas que gostam de escrever e de usar a internet - precisa.
    Fico muito feliz que você tenha se reconectado com a sua escrita e esteja de volta, adorei a ideia por trás do novo nome. Traz algo de leveza e, ao mesmo tempo, tem tudo a ver com você também <3

    Agora fico aqui curiosa para acompanhar os próximos posts dessa sua nova fase blogueira :)

    Beijos,

    Michas


    PS: tudo, absolutamente tudo!, que você falou sobre o site Twitter é muito verdadeiro e eu penso igual, hahaha :)

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  2. Menina, a gente já conversou sobre isso mil vezes, mas seu texto incluiu um negócio MUITO REAL e do qual eu tenho reclamando demais. Você disse "no fundo eram só fofoca de nível internacional" e é muito isso! Todo mundo faz um estardalhaço e enche a TL de "salnorabo disse isso, olha que absurdo", mas é só um idoso falando bosta e nada realmente tangível. "Ah, mas isso destrói nossa imagem lá fora", mais do que já tá destruída? "Ah, mas prejudica a economia", mais do que já tá prejudicada? No fim das contas a gente mata a saúde mental em função de um monte de pipipi popopo inofensivo ou, no mínimo, previsível. E o pior, foge do nosso controle consertar essas situações. Não temos máquina do tempo, não há muito o que fazer. Indignada e triste eu já estou, mas é um inferno querer ver uns memes e se deparar com uma rede social fadada à tristeza, à vergonha e aos absurdos da polícia.

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  3. yaaay ♥ eu fico muito empolgada com pessoas retornando aos seus blogs sim :)

    e acho que é isso ai, alienação e algumas doses da blogosfera pra manter a sanidade minimamente ok nesse 2020.

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