Boring and brazilian

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Entre o último sumiço e esse reaparecimento, fiz um cabeçalho novo pra esse blog!!
Essa versão nova surgiu de fogo no rabo pra inventar moda + interesse por lettering + a mesa digitalizadora de segunda mão que comprei em 2012. Abrindo isso aqui novamente, me dei conta de que eu tinha dado mais um perdido na minha escritora interior, e que ainda não tinha me apoderado direito deste espaço que criei para me divertir.
A coisa é que já faz muitos anos que estar na internet é uma atividade que traz no pacote uma comparação indesejada com outras habitantes do condomínio virtual "mulher branca dos anos 90 que cresceu achando que era inteligente e está aí lidando com a frustração". De algum modo, toda vez que sento com a intenção de escrever algo, não consigo mais resgatar a experiência adolescente de digitar meus sentimentos e de dedicar um espacinho pros gifs de pixel art que eu adorava, mesmo sabendo que era a única na minha turma que ligava pra esse tipo de coisa. 
(Pra não me deixar sofrer sozinha, Natalia também fala de uma sensação parecida aqui.)

Estar na internet e ter um blog também parece um jeito de participar de uma turminha - justamente, a turminha das meninas com experiências similares às minhas que eu não encontrei quando gostaria, e agora sinto que ainda teríamos muito a compartilhar. Mas mesmo diante desse círculo de gente legal, a sensação que amarguei nós últimos anos é que sou entediante. Entediante e brasileira, uma combinação desencantadora. Enquanto assisto algumas dessas pessoas - que de alguma forma eu sinto que se parecem comigo - falando sobre autores que eu queria estudar, conquistas que eu queria ter, tirando fotos em casas que eu queria morar, o fator de conexão se esmigalha quando não vejo o mesmo encanto na rua da minha casa, nas roupas que eu visto, nas coisas mais despretensiosas como conversas de whatsapp - que também parecem ser mais interessantes na arroba do lado. 
Também não é como se eu não tivesse tentando. Comprei calças novas, canetas coloridas e até me arrisquei a fazer vídeos pessoais novamente - e embora o resultado seja melhor do que continuar vivendo como antes, ainda assim parece carecer do fator wow que vejo na internet, cenas que por falta de palavra mais adequada, parecem perfeitas. Eu sei, eu sei, já faz anos que eu aprendi que a perfeição só existe no mundo das ideias, mas ainda assim isso não me ajuda muito na tarefa de ser eu mesma nesse espacinho virtual que arranjei. De que serve ser autêntica, se eu poderia ser legal? Se as pessoas também preferem gente legal? O que é ser legal, anyway? Agora esse post está cheio de perguntas que eu deveria fazer na terapia - o que eu desconfio que não seja muito interessante pra ninguém.

Mas se você ainda está lendo esse post, tenho um link legal pra te passar: lendo o blog da Luiza Normey, que adotei como minha professorinha de aquarela (oi Luiza, você é demais, me nota), encontrei uma postagem na qual ela fala sobre a própria experiência na busca de um estilo artístico próprio, e deixa bem claro que o segredo é praticar muito e superar os obstáculos mentais que atravancam o processo: desejo de aprovação, comparação com os outros e o julgamento interior. Eu fico pensando que a rota de pôr num pedestal alguém que se também parece com a nossa versão idealizada e tentar se parecer com ela a todo custo parece mais fácil do que construir uma personalidade por tentativa e erro, e é assim que a gente embarca nessas ciladas de comparação, frustração e desespero. Formar referências sem se misturar a essas referências é mais difícil do que parece...

Vou ficando por aqui. Botem reparo no cabeçalho novo, por favor ♡ bj bj até mais



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  1. pois eu gostei do novo cabeçalho viu ♥ e bateu saudade de mexer na mesa digitalizadora que comprei anos atrás num surto e quase não usei j_j

    ai, compartilhar a vida no blog na adolescência parecia bem mais fácil né? escrevíamos sem medo e ainda colocávamos gifs coloridos pra tornar o caos da época mais bonito pelo menos

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  3. Hello!!! Esse já é o terceiro post que leio ( no mundo dos blogs) que lida com o mesmo tema. Há um tempo atrás eu passei por um bloqueio criativo. Outras vezes eu tive muitas idéias que não saíam da minha cabeça porque eu estava constantemente estimulando a minha mente com as redes sociais, vendo o que todos estavam fazendo ao invés de dedicar tempo e foco a criatividade que eu tinha. Já com a cabeça cheia "da vida alheia", eu não tinha vitamina B( B de blogar) pra escrever. Vou dar uma olhada no link que você indicou. Passei um ano sem escrever, estava mal com a pandemia, porém agora voltei a todo vapor!!! Rsrsrsrs!

    Beijão!

    Lola Hurricane
    www.lolahurricane.blogspot.com

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  4. Amei o cabeçalho e devo dizer que me identifiquei com o post mais do que me permito admitir, risos. Blogar não tem sido fácil, mas ao mesmo tempo eu não consigo largar. Estou tentando mudar um pouco a maneira que blogo, porque o que costumo fazer não apenas não atrai leitores, mas também acaba sendo muito mais trabalhoso do que eu gostaria que fosse. Sinto que estou escrevendo meu blog pra tentar conquistar um público e não para mim mesma. Quero mudar isso.

    Beijinhos.
    https://mashalkhim.com/

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    1. meu deus, mulher, eu sinto a mesma coisa - que mesmo sendo um exercício prazeroso e que de alguma forma está conectado a mim, eu acabo me perdendo no personagem e me preocupando em atender certas expectativas (que eu nem sei quais são, pior é isso). Que bom achar voce e seu blog ainda ativos por aqui!!!!

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  5. Já me perguntei várias vezes se eu perdi pra sempre o encanto de blogar como era no começo. Aos poucos eu me dei conta de que fechar o blog não era uma opção (vi a importancia dele na minha vida, o quanto gosto de ir registrando coisas nele, ir vendo a evolução da minha vida... enfim) mas tbm passo pelo dilema de: "Formar referências sem se misturar a essas referências é mais difícil do que parece..." Não sei se consegui ser clara, mas esse post falou muito comigo.

    Um beijo.
    https://colorindonuvens.com

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